Cousas pentelhas da direita

1. Censura. Referir-se à ausência de reprensentatividade de certas idéias ou pessoas na imprensa como “uma forma de censura mais insidiosa, e por isso pior, do que aquela praticada na ditadura”. Já eu prefiro não ir para a cadeia nem ser processado a simplesmente não ver idéias com que eu concordo serem publicadas. Além disso, o pudê da imprensa “de elite” é, penso, gravemente superestimado.

2. Ditadura & opressão. Direita — e esquerda — tratam sua sensação subjetiva de marginalidade cultural como opressão de facto. Melhor ser a criança esquisita da sala que levar surras da professora. Estar no Brasil de hoje e sonhar comparar-se aos perseguidos de URSS, Cuba, Camboja, Alemanha nazista etc. é um insulto a esses perseguidos.

3. Nacionalismo e passadismo. A nação não existe metafisicamente. Ser brasileiro ou indiano é uma circunstância — mais ou menos favorável sob aspectos distintos. “Projeto de nação” pode ser uma coisa linda e pomposa. Na prática, significa tomar o seu dinheiro para — apenas nominalmente — fazer uma coisa que você não quer. Só a síndrome de Estocolmo explica o nacionalismo. O que, fique bem claro, nada tem a ver com gostar do lugar onde se mora. Não sei por que gostar de morar na Zona Sul do Rio de Janeiro seria incompatível com querer mandar o governo federal do Brasil às favas.

3.1. Insistência em culpar o Brasil por tudo. O ambiente pode ser ruim. Você é pior ainda, por não assumir suas responsabilidades. E por não parar de reclamar.

4. Sentimento apocalíptico. Não é nem que o mundo não vá acabar. E sim, provavelmente a vida há uns anos era melhor sob uma série de aspectos. E daí? O negócio é buscar as coisas permanentes, não as circunstâncias de outrora. Seja cristão porque essa é a verdade, não porque “o cristianismo construiu uma civilização” ou porque ele tem “valores”.

5. Pronunciamentos categóricos. Assim como um esquerdista nos denuncia como burguesinhos, também os direitistas adoram fazer pose de superioridade e lançar frases de efeito que servem para esconder sua ignorância, falta de estudo e, francamente, a incapacidade e o desinteresse de ouvir alguma coisa que destoe de certas idéias pré-prontas. Isso pode ser banal, mas o número de tias velhas e virgens a encher o saco só faz crescer. Tias velhas que falam que nas universidades do tal mundo civilizado só se pensa isso e aquilo. E os sobrinhos que nem o pronome “cujo” sabem usar vão acreditando.

6. Confusão entre idéias e pessoas. Sempre que ouço que “o erro não tem direitos”, tenho ganas de responder: “não tem mesmo, pessoas é que têm direitos”.

7. Fetichismo intelectual inviabilizador da vida. “Achei esse livro a respeito desse assunto. Parece bom.” “Não, o melhor livro foi escrito por um padre belga no século XIX, só teve três impressões, mas eu tenho um xerox, porque conheci um grande especialista no assunto, ainda que totalmente anônimo e ignorado por esse mundo maléfico e cruel. Todos os outros livros são um lixo. Só esse cara entendia desse assunto. Quem dá bola para os outros autores é um idiota, um retardado, um imbecil que não deveria abrir a boca.”

8. Amor incondicional por George W. Bush. Ah, mas é porque vocês são estatólatras e não escondem as raízes trotskistas do movimento neoconservador. Bilhões de dólares para banqueiros e nation-bulding (aka “socialismo”) no Iraque? Pelo amor de Deus, vocês nem mesmo estão se beneficiando disso.

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