Rant aleatório sobre educação

Mais um dos infinitos exemplos que eu poderia dar sobre como eu NÃO quero mandar filhos meus pra escola de forma alguma : http://www.dailykos.com/story/2005/5/12/6418/77122

De fato, eu prefiro NÃO TER filhos do que ver o governo tomá-los de mim.

É absolutamente inaceitável o grau cada vez maior de arrogância e de interferência desses “educadores”. O sistema educacional é perverso em todos os sentidos possíveis – não só no acadêmico. Ele é perverso moralmente, emocionalmente, socialmente. Como disse o Bertrand Russell, as pessoas nascem inteligentes, é o sistema educacional que as torna burras.

O sistema educacional ensina as pessoas a decorarem coisas que não entenderam, a repetirem coisas com as quais não concordam, a descartarem seus pensamentos que divergem do padrão aceito, e principalmente e acima de tudo a aceitarem cegamente exercícios arbitrários de autoridade (e isso não apenas sobre seu intelecto, que já seria ruim, mas também sobre seu comportamento, aparência e atitude!). Elas aprendem que a lógica não importa, que a verdade, não importa, que ter razão não importa; que apenas a autoridade importa. Elas ficam sujeitas aos caprichos de pessoas absolutamente despreparadas para guiá-las, isso tanto a nível intelectual como pessoal, as quais de qualquer forma na maioria absoluta dos casos não estão nem sequer realmente preocupadas com o bem estar das crianças apesar de todo um discurso pretensioso sobre o assunto. Os professores, e o governo muito menos ainda, não têm qualquer autoridade moral para acharem que educarão as crianças melhor do que seus pais.

Economia livre, intelectuais entorpecidos

Dois detalhes curiosos sobre a “crise política”.

O primeiro é que a “paralisação do país” em razão da crise, tão criticada pela imprensa, é uma verdadeira bênção. Já se tornou um clichê a frase do Roberto Campos segundo a qual, no Brasil, a economia cresce à noite, enquanto o Estado dorme. Com o Estado paralisado pela perseguição aos corruptos, talvez aqueles que exercem trabalho efetivamente produtivo encontrem mais espaço para crescer.

O segundo é que o momento mais patético de todos, mas, ao mesmo tempo, aquele que deixou mais patente a absoluta inanição intelectual e moral da esquerda, foi a organização de um ciclo de palestras por (quem mais?) Adauto Novaes, sob o título “O Silêncio dos Intelectuais”.

A primeira intelectual a quebrar o silêncio foi Marxilena Chauí, cuja palestra ganhou as primeiras páginas dos jornais (por que, Meu Deus, por quê?). Ela limitou-se a dizer que sofre uma indignação de causa ignorada, e acrescentou que o PT caiu “numa armadilha tucana”.

Como a revelar, imediatamente, que a distinção entre PT e PSDB é uma tolice, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso apressou-se a dizer que “respeita Marilena como filósofa”.

Mas o que a palestra revela é que nada há a respeitar. E, nesse ponto, Marilena se mostra um verdeiro símbolo da reação abilolada da intelectualidade – uma espécie de imbecil-síntese. Essa gente está em silêncio porque se habituou a falar pelos cotovelos repetindo chavões partidários, e, de repente, diante da exposição pública da falência do Partido, se viu sem ter mais o que dizer. Está em silêncio porque se desacostumou de pensar com a própria cabeça, e preferiu abdicar de sua própria consciência em prol de uma fraude coletiva.

Era melhor que continuassem calados. O silêncio solitário pode ser o ponto de partida para a tomada de consciência. Mas já se vê que optaram pela tagarelice conjunta – que é sempre um excelente estímulo ao embotamento mental.

Estude filosofia no Mosteiro de São Bento

Você já está de saco cheio do esquerdismo das universidades?

Você já não agüenta mais aqueles professores que não dizem nada, que só ficam falando “problemática” no lugar de “problema”?

Você prefere um ambiente selecionado, onde as pessoas têm mais interesse efetivo no assunto que estudam, em vez de simplesmente quererem “tirar um diploma”?

Então, meu amigo, seus problemas acabaram.

Sem alarde, como aliás é típico, estão funcionando no Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro cursos universitários de graduação e pós-graduação em filosofia e teologia.

Se eu algum dia tivesse me formado, estaria de olho sobretudo na pós-graduação lato sensu em filosofia medieval: por módicos R$ 235 mensais (quanto é um curso em outra faculdade particular?) você pode estudar um dos assuntos mais importantes do universo, com as melhores pessoas do Rio de Janeiro, nas manhãs das segundas, quartas e sextas.

As inscrições vão até o dia 31 de dezembro. Corra lá!

Redação nota 10

Se eu quisesse passar no vestibular, escreveria isto aqui.

A informação e a fome

Muito se tem falado sobre globalização. As recentes transformações que levaram à queda das fronteiras e à livre circulação de informações e capitais fazem com que o ser humano precise repensar o seu papel. A mudança de paradigmas obriga à reavaliação de crenças, modelos e padrões, e obriga todos a pensar no tipo de sociedade que se deseja para o futuro. Ao mesmo tempo, ninguém pode negar que nem todos participam deste processo, pois há muitos que não possuem nem mesmo o que comer, que dirá um computador com acesso à internet.

A grande questão com que a humanidade se defronta na aurora do século XXI é justamente esta: como pode ser possível que o tesouro da informação seja ao mesmo tempo tão acessível a alguns, que vivem nos países ricos, e tão remota para a maioria espalhada pelos países do terceiro mundo. Os milhões – talvez bilhões – de seres humanos que são obrigados a passar seus dias com menos de um dólar, com baixa expectativa de vida, nos obrigam a questionar o modelo que até agora vem sendo adotado para o governo da sociedade, pois fica evidente que ele é um gerador de processos de exclusão. Assim, temos de um lado a sociedade da informação, em que cada pessoa luta para manter-se atualizada, onde o grande bem é a última coisa divulgada; e, de outro, uma sociedade arcaica, onde a luta individual é por comida, pela simples sobrevivência do corpo, sem o direito a grandes aspirações. Sem direito à verdadeira cidadania.

Isto acabará tendo um efeito nefasto não apenas sobre aqueles que sofrem os efeitos diretos deste processo, mas também sobre os que estão na outra ponta. Se os países ricos não quiserem compartilhar seus bens, possivelmente acabarão aniquilando as populações que vêm explorando há séculos. É necessário impedir que isto aconteça. É importante que haja uma conscientização global pelas necessidades dos menos favorecidos e que o ser humano, após reconhecer no outro o seu irmão, aprenda a ser mais solidário, para que assim possamos criar um mundo melhor.

Breve relato de um atentado à inteligência

Texto de palestra proferida em Porto Alegre, 05/01/98

Caros senhores, a julgar pelo noticiário dos últimos dois meses da imprensa carioca, este rapaz que se encontra agora à sua frente é um perigoso fomentador do ódio, um perseguidor das minorias oprimidas, uma grave ameaça ao Estado democrático. Parece descabido, ou até mesmo absurdo? Concordo. Mas vejamos os fatos.

Sérgio Coutinho de Biasi, Pedro Sette Câmara e José Roberto de Barros são três amigos meus, que estudavam comigo na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Conversávamos muito, os quatro, sobre uma estranha homogeneidade do discurso imperante na universidade. A doutrinação “politicamente correta” parecia ter penetrado a fundo no meio em que estávamos e isso nos parecia preocupante, por razões que exporei mais à frente.

Tanto falamos – nesse e em diversos outros assuntos de filosofia, ciência, poesia, etc. – que resolvemos publicar nossas opiniões. Fizemos um jornal chamado “O Indivíduo”.

E aí vem a primeira pergunta: por que o título?

Em primeiro lugar, devo esclarecer que não se trata de defender o individualismo egocêntrico. Infelizmente, a maioria das pessoas vê o mundo segundo as categorias mais infantis e acha que se falamos em indivíduos é porque somos individualistas e se falamos em coletividades somos altruístas.

Na verdade, a nossa idéia é semelhante à expressa no seguinte trecho de Ortega y Gasset (1):

Nadie puede vivirme mi vida; tengo yo por mi propria y exclusiva cuenta que írmela viviendo, sorbiendo sus alborozos, apurando sus amarguras, aguentando sus dolores, hirviendo en sus entusiasmos.

Ora, cabe ao próprio ser humano a responsabilidade por todos os seus atos, inclusive os atos de consciência. Quando dizemos que a juventude ‘pensa’ de determinado jeito, estamos usando uma metáfora, pois quem pensa é cada jovem, individualmente, não a coletividade. Quem deve se responsabilizar pelo que estou dizendo agora sou eu, não a juventude. Se eu dissesse que falo em nome da juventude, estaria falando em sentido figurado, pois em última análise só posso falar por mim mesmo (2). O todo social não tem consciência, nem responsabilidade moral. A consciência surge no próprio indivíduo, da unidade do corpo biológico.

Por isso falamos em indivíduos: é muito vago falar “para a juventude”, “para a classe social”, “para a comunidade acadêmica”. Falamos, sim, para cada um em particular, conclamando cada membro das coletividades a examinar a própria consciência, a fim de questionar as idéias a que tem aderido. Trata-se de um diálogo de consciência a consciência, entre seres humanos que se reconhecem como portadores de conhecimentos pelos quais têm de se responsabilizar não perante o consenso acadêmico ou perante a juventude, mas perante a própria consciência. Perante aquele fundo insubornável de que falava Ortega y Gasset, onde o homem admite para si mesmo, entre quatro paredes, o que não tem coragem de admitir em público.

O nosso convite é para um exame dessa natureza. Para um questionamento daquilo que é dado como certo e inquestionável pela mídia e pela intelligentzia.

Claro que não se trata de individualismo, mas muito pelo contrário: como querer montar uma coletividade verdadeira se não respeitamos a individualidade de cada um? Como querer falar em coletividades que pensam por si só, como se os indivíduos que as compõem não fossem o mais importante? É só do entrecruzamento de consciências, do emaranhado de vidas psíquicas diversas, que pode surgir a coletividade verdadeira.

O individualismo egocêntrico reduz cada indivíduo a uma entidade auto-suficiente sem maior interesse para o resto do mundo. Não é disso que estamos falando. Estamos falando contra o coletivismo inquisitorial, que pretende que todos sigam uma determinada idéia como se ela fosse um dogma inquestionável. Estamos falando contra a adesão irracional a uma idéia sem o devido exame. Somos, enfim, contra o espírito de rebanho de que falava Nietzsche, tendência natural do ser humano. Não queremos tratar com gado: queremos tratar com indivíduos conscientes.

Que não se tome essa “consciência” no sentido político. Não falamos de indivíduos conscientes da mesma forma que falam as esquerdas. Não se trata de conscientizar ninguém da sua condição social ou coisas desse tipo, mas de levar cada um a admitir para si mesmo aquilo que sabe, a analisar as idéias que diz professar à luz do próprio eu, ou do fundo insubornável de que falei acima.

Mas voltemos aos fatos. Com essa linha editorial, francamente avessa a ideologias e ações políticas, o jornal foi sendo elaborado. Cada um de nós escreveu um artigo sobre o tema que lhe conviesse.

O Sérgio escreveu um ensaio defendendo um estreitamento dos laços entre ciência e filosofia; o José Roberto fez um artigo sobre três projetos de lei da deputada Marta Suplicy; eu fiz um artigo sobre Canudos, que questionava o posicionamento ideológico que nubla a mente dos nossos historiadores; e o Pedro trouxe um artigo humorístico ao estilo Agamenon Mendes Pedreira (3), um poema lírico-intimista e um ensaio sobre a Semana de Consciência Negra realizada na PUC algumas semanas antes do jornal.

Não vi nada de perigoso ou estranho em nenhum dos textos, concordando em geral com suas opiniões, com algumas ressalvas ao texto do Sérgio, que me parece excessivamente cientificista, e outras ao do José Roberto, que apresenta argumentos neo-darwinistas. Apesar das ressalvas, não sugeri qualquer mudança. Não me agrada a idéia de mexer em textos alheios, até pela minha própria defesa da individualidade. O nome do jornal não era “O Indivíduo”? Então, que se respeitasse a individualidade de cada um. Eu jamais me arrogaria o papel de censor.

Mesmo assim, ao ser lançado, o jornal causou escândalo. Muitos pareciam se sentir no direito de se arrogar esse papel…

Duas horas depois do início da distribuição do jornal, no dia 19 de novembro, fomos cercados por mais de cinqüenta pessoas que berravam, enfurecidos: NAZISTAS! FASCISTAS!

Todos negavam o nosso direito de fazer um texto humorístico sobre o movimento artístico de alguns alunos da PUC, a “Cambralha”. Todos diziam que o texto sobre a consciência negra era racista. Chegaram a querer colocar contra nós os seguranças da PUC, que são negros, dizendo para eles que defendíamos a raça pura e o extermínio dos negros. Ainda bem que os seguranças não lhes deram ouvidos, pois foi só graças à ação deles que saímos de lá vivos.

Fomos levados a um representante da vice-reitoria comunitária. Ele fez uma leitura dinâmica do jornal, supervisionada por dois representantes da Cambralha, circulou com pilot fluorescente o editorial, os artigos do Pedro e o artigo do José Roberto. Na capa do jornal escreveu: Recomendo Apreensão.

Dito e feito. Alguns minutos depois a segurança tinha ordens expressas de recolher todos os exemplares de “O Indivíduo”. Enquanto isso, a multidão que berrava contra nós e ameaçava queimar os jornais junto com nossos corpos crescia.

O raciocínio é simples: se um sujeito ameaça te matar, isso é uma bobagem. Agora, se um sujeito armado ameaça te matar, é bom você começar a se preocupar. Assim era a situação: o grupo enraivecido de cem alunos ameaçando matar três. (4)

Num determinado momento, um sujeito cuspiu no rosto do Sérgio. Um pouco mais tarde, duas meninas cuspiram no rosto do Pedro, além de outra pessoa lhe ter acertado um soco no rosto, quando ele estava entrando no táxi para sair da PUC. Vale lembrar que essa saída se deu por caminhos tortuosos, pois os seguranças dividavam da possibilidade de nos manter vivos se continuássemos lá dentro. Saímos eu e o Sérgio num táxi e o Pedro em outro, pois tinha se separado de nós para fazer uma prova.

Pouco antes de irmos embora, eu e o Sérgio fomos chamados para uma conversa com o vice-reitor comunitário. Ele estava visivelmente irritado, confessou que não tinha lido o jornal e saiu-se com a seguinte pérola:

— Parece que vocês falaram mal da semana de consciência negra e isso não pega bem, né? Além disso, estamos numa universidade católica…

Nesse momento quem se irritou fui eu, um sujeito normalmente calmo. Respondi que os católicos éramos nós e não aquela turba que saía pela PUC berrando palavras de ordem marxistas. Nesse momento exato, estavam todos reunidos fazendo para nós a saudação nazista.

O vice-reitor não me respondeu e negou veementemente qualquer possibilidade de termos uma audiência com o reitor:

— Ele está analisando o jornal e vocês serão avisados de qualquer providência administrativa a ser tomada contra vocês.

Depois dessa, só nos restava mesmo tomar um táxi.

Aí é que a história começa na imprensa. Enviei o material para o IEE, pois me disseram que ele seria distribuídos aos senhores. Não sei se isso aconteceu, logo, aí vai um breve resumo:

Quem logo assumiu a nossa defesa foi o professor Olavo de Carvalho, cujo seminário de filosofia eu e o Pedro freqüentamos. Ele logo preparou um artigo e enviou a “O Globo” e à “Folha de S. Paulo”. A resposta do diretor de redação do Globo:

— Ah, é aquele jornalzinho nazista?

Já a “Folha” publicou uma nota do Olavo na sua edição de domingo daquela semana, relatando o caso como perseguição à liberdade de expressão.

Acontece que, antes disso, na quinta-feira, dia 20, o “Jornal do Brasil” publicou uma notinha que falava em ‘cenas de racismo na PUC-Rio’. No dia seguinte, o assunto ganhava chamada na primeira página do JB e uma matéria em que o reitor da PUC dizia o seguinte:

O jornal mostra um individualismo absoluto e um desprezo pelo coletivo, a começar pelo nome. As posições são reflexo do individualismo de hoje, onde o ser humano perde o sentido de solidariedade.

É difícil descrever o meu espanto.

O vice-reitor dizia, na mesma matéria, que a melhor resposta a nós foi “o próprio repúdio dos colegas”.

Mas não foi tudo: no dia seguinte, a reitoria anunciava, no mesmo JB, que ia nos punir:

As vice-reitorias Acadêmica e Comunitária tomarão as medidas necessárias para que tais fatos não se repitam e para que os autores sejam responsabilizados por sua conduta.

Mas não, isso não foi uma declaração a um jornal. Isso é um trecho de uma carta distribuída via correio a toda a comunidade da PUC, na qual o reitor dizia coisas como:

Os redatores se apresentam como campeões do individualismo e atacam tudo que lhes desagrada. Não quero negar a legítima liberdade de expressão e o pluralismo de opiniões. Porém, não posso concordar com o individualismo que ignora a solidariedade humana e o sentido cristão de fraternidade. Além disso, é completamente inadmissível que, com argumentos falaciosos, se veicule o ódio, o desprezo e a injúria direta contra os que pensam ou agem de modo diferente dos autores do panfleto.

Notaram a contradição? Notaram que ele fala em liberdade de expressão e logo depois nega que nós possamos exercer a nossa? Mais adiante, ele nos acusava de ter ultrapassado as fronteiras do delitivo – em português claro, de cometer um crime. Tanta burrice, tanto fanatismo, tanta incompreensão, tanta malícia no reitor de uma das principais universidades do Rio de Janeiro? As coisas andam mal na educação desse país.

Mas voltando à imprensa: no domingo, dia 23/11, o JB, por algum milagre, resolveu respeitar nosso direito de resposta e publicou uma reportagem do repórter Renato Lemos que mostrava, com fidelidade, a nossa posição, além de publicar o artigo do Olavo que havia sido enviado ao Globo no início da confusão.

As coisas estavam em suspenso, até que o articulista Elio Gaspari publicou um artigo, no Globo e na Folha de S. Paulo, em que defendia o nosso direito à liberdade de expressão, ainda que de forma tímida, aproveitando ainda para recordar um caso ocorrido com comunistas expulsos da PUC em 1962.

Esse artigo deu início a uma nova série de reportagens: uma no Globo, em que a repórter distorceu o sentido das frases do Pedro e entrevistou um advogado que estava preparando – só agora! – um manifesto a favor dos comunistas de 62 e dizia categoricamente (sem ter lido O Indivíduo): “esses meninos são racistas mesmo”. Outra, curtinha, na Folha de S. Paulo, em que a repórter relatava com fidelidade os fatos. E uma na Veja-Rio que era um amontoado de absurdos: dizia, entre outras coisas, que o Sérgio tinha escrito uma carta à reitoria se desculpando pelos excessos do jornal e ainda tinha uma declaração de um frei pedindo direito de resposta contra nós. É uma piada: direito de resposta contra um jornaleco de 400 exemplares de distribuição interna na PUC, por um frei que uma semana antes escrevera um artigo enorme na página de Opinião do JB nos esculhambando, com argumentos falaciosos. Enviamos ao JB uma resposta ao artigo do frei, mas quem disse que eles publicaram? Como também não publicaram a carta do escritor Antonio Fernando Borges nos apoiando; como O Globo não publicou a carta do roteirista Leopoldo Serran também nos apoiando.

Mas um detalhe saltou aos olhos: na matéria do Globo, o reitor declarava que a nossa falha não era assim tão grave. Quer dizer, de forma muito canalha, com muita timidez, declarou que estava errado. Afinal, não posso imaginar que o reitor ache que o crime de racismo não é uma falha grave… Só que a acusação foi espalhada para toda a comunidade, mas o desmentido ficou escondido numa declaração no jornal.

Surgiu um alento com o artigo do escritor Carlos Heitor Cony, na Folha de S. Paulo, classificando de ‘prepotente’ a ação do reitor. Na segunda-feira, 01/12, o filósofo e embaixador J. O. de Meira Penna publicava um artigo no Jornal da Tarde também nos apoiando. Uma semana depois, o maior jurista vivo do país, dr. Miguel Reale, também publicava um artigo de apoio a nós no Jornal da Tarde.

Quadro animador? Não. Fomos entrevistados, eu e o Pedro, para o Jornal do Brasil, por um sujeito chamado Cláudio Cordovil. Embora confessasse, durante a entrevista, não estar entendendo nossas declarações e não conhecer nenhum dos autores que citávamos, esse sujeito não hesitou em publicar uma reportagem de página inteira, no suplemento cultural de domingo, 14/12, com o título “A extrema-direita faz escola na PUC”. Não fez isso sozinho: estava acompanhado de um psicanalista, um cientista político e um “filósofo”. A quantidade de besteiras contidas nessa matéria está além do meu poder de síntese e podem ser verificadas na mesma. Olavo de Carvalho elaborou uma resposta, explicitando uma por uma, que acabou sendo publicada no JB do outro domingo, 21/12.

Mas o espírito totalitário (e a vontade de nos crucificar) do JB não podia deixar por menos: na segunda-feira, 22/12, junto com uma carta do Sérgio, saía um artigo do Cordovil dizendo que ‘as maiores revelações sobre o complô na PUC ainda estavam nas fitas, não tinham sido publicadas’, o que foi a coisa mais espantosa que já vi nos jornais: um repórter confessando, no próprio jornal em que escreve, ter sonegado informações. O artigo trazia acusações a nós e ao Olavo.

Na terça, 23/12, saíam as respostas do psicanalista, Joel Birman, e do cientista político, Luís Eduardo Soares, além de uma carta do Pedro. Novas acusações, novas injúrias, novas baboseiras. Pergunta: nós respondemos? Sim. Eu escrevi uma resposta, o Olavo escreveu uma outra, eu e o Pedro escrevemos juntos uma terceira. Estamos até hoje aguardando a publicação. Notem que isso é violação do direito constitucional: quando alguém é difamado, tem o direito de responder. Se o outro voltar a falar, o difamado tem direito de se defender novamente. Direito de resposta tem que ser em número par: A ataca B; B responde a A. Se A volta a atacar B, B tem de novo o direito de responder a A. Do contrário, fica evidente a predileção do órgão de imprensa pelo lado que ataca. Alguém ainda duvida disso?

Mas não foi só a imprensa escrita que entrou na história. O jornal local da Rede Globo, RJ-TV, fez uma matéria que já dava por pressuposto que o jornal era racista, entrevistava alguns dos nossos agressores e terminava com o apresentador dizendo: “os editores do jornal negam a acusação”, que foi a única linha a que tivemos direito. Já a Globo News, do grupo Globosat, promoveu uma entrevista com o Pedro e o Olavo. O reitor também foi chamado para o programa, mas se recusou a ir. Agora, o pior de todos foi o Jornal Nacional: numa reportagem que dizia que o racismo está crescendo no Rio, o Jornal enfocava a prisão de uma pessoa por racismo e dava como outro exemplo a existência do nosso jornal. Não sei se as pessoas perceberam que a reportagem se desmentia a si mesma, ao mostrar que houve um caso em que a lei de racismo pôde ser aplicada com sucesso e nem se perguntar como no nosso caso, se era racismo mesmo, ninguém teve coragem de apresentar a acusação perante os tribunais.

Mas o expediente que eles usaram foi o mais baixo, o mais absurdo possível. No trecho do artigo sobre a Consciência Negra em que o Pedro escreve:

Querer falar de uma consciência negra como se ela fosse essencialmente diferente de uma consciência branca, ou árabe, é realmente estúpido. (5)

O Jornal Nacional mostra ao público:

Querer falar de uma consciência negra é realmente estúpido.

O que era pregação da integração entre as raças vira desprezo por uma delas. O que defendia que não se levasse em consideração o fator raça para nada de súbito aparece como identificação do negro com a estupidez.

É impressionante como se pode inverter totalmente o sentido de um texto simplesmente tirando dele alguns pedaços.

No rádio, O Indivíduo foi noticiado através de um jornalista e cronista chamado Mário Negreiros, que fez quatro crônicas radiofônicas em nosso favor, além de um artigo num jornal português.

O caso deve chegar às livrarias agora em janeiro, como a segunda parte do livro O Imbecil Coletivo II, em que o professor Olavo de Carvalho fará uma coletânea de seus artigos sobre o caso, além de juntar artigos e cartas em nosso favor escritos por outras pessoas, inclusive alguns já citados.

Este é o caso. São muitos os detalhes impressionantes, são muitos os temas a se discutir. Mas o que me parece mais incrível são dois pontos que foram completamente ignorados pela imprensa: como é possível que quatro jovens publiquem um jornalzinho e causem um escândalo tão grande? E mais ainda: como é possível que a reação histérica de um determinado grupo de alunos seja aplaudida e reforçada por uma santa aliança de autoridades universitárias, professores universitários e órgãos de imprensa escrita e televisiva?

Não tenho respostas prontas, mas tenho uma boa hipótese: a dominação esquerdista dos meios de comunicação e das universidades.

Mas como se liga uma coisa a outra? Façamos um breve exame das técnicas que essa dominação usou para chegar a esse estágio avançado.

O expediente que eles usaram contra nós foi lançar um “rótulo odioso”. Esse expediente é descrito por Arthur Schopenhauer da seguinte forma (6):

Um modo de eliminar ou, ao menos, de tornar suspeita uma afirmação do adversário é reduzi-la a uma categoria geralmente detestada, ainda que a relação seja pouco rigorosa e tão só de vaga semelhança. Por exemplo: “Isso é maniqueísmo”, “É arrianismo”, “É idealismo” (…). Com isto, fazemos duas suposições: 1) que aquela afirmação é efetivamente idêntica a essa categoria ou, ao menos, está compreendida nela e estamos dizendo: “Ah, isto nós já sabemos!”; e 2) que esta categoria já está de todo refutada e não pode conter nenhuma palavra verdadeira.

Tivemos os exemplos mais perfeitos disso, seja das formas mais grosseiras (“nazismo”, “racismo”), como das mais intelectualizadas(“individualismo”, “misticismo”, “conservadorismo”).

Visto isso, pouco importa se as pessoas entenderam o que escrevemos ou não: somos detestáveis de qualquer maneira. Esse modo de proceder para vencer o adversário está tão difundido nos meios intelectuais que qualquer um que pretenda fazer uma argumentação lógica e demonstrar seus argumentos está fadado a receber em troca bocejos. Quando não receber cusparadas e rótulos odiosos, claro.

Mas isso não é tudo. O rótulo odioso é usado pela nossa esquerda em companhia de um outro estratagema: a manipulação semântica. Trata-se de dar a determinados conceitos um sentido único, de forma que não consigamos nem sequer pensar de forma diferente deles, por falta de vocabulário. Um exemplo claro ocorreu hoje, quando tive que explicitar que não falava em conscientização no sentido esquerdista.

Como aponta Olavo de Carvalho (7):

Se o orador sempre fala sozinho para a multidão, sem um oponente que venha equilibrar as coisas invertendo as conotações forçadas que ele dá a certos termos, estas vão aos poucos entrando no uso diário e o povo acaba por tomá-las como definições rigorosas; a ênfase postiça anexa-se de modo definitivo ao significado, e se torna impossível pensar o seu objeto independentemente do valor afirmado ou negado na palavra mesma.

E continua, mais adiante:

O domínio esquerdista do vocabulário é total e irrestrito, o que faz com que cada cidadão brasileiro, ao discordar da esquerda, se veja desprovido de meios de expressão que não estejam sobrecarregados de um temível potencial de malentendidos; aos poucos, a dificuldade de falar vira dificuldade de pensar. Hoje em dia, o debate cultural no Brasil não opõe senão as facções de esquerda umas às outras: o resto é tomado como mero discurso ideológico que não deve ser discutido, apenas explicado pelos interesses objetivos que o produzem e que ele encobre. [grifo meu]

Essa situação foi criada pelo domínio das esquerdas nos meios intelectuais e na mídia, como eu dizia acima. Quando se explicita isso, fica bastante claro por que causamos tanto escândalo: é que falamos coisas que não estão em voga.

No meio daquela multidão enfurecida, dificilmente encontraríamos algum que tivesse lido qualquer coisa que não o discurso esquerdista. Eles são culpados por isso? Claro que são. Ninguém é obrigado a aceitar tudo que o meio em torno lhe transmite. Mas também são vítimas.

Vítimas de seus professores, do meio intelectual, dos jornalistas, do reitor. Foram eles que transformaram a universidade numa escola de adestramento, num circo de aberrações. Foram eles que inculcaram esse discurso e esse modo de agir nesses jovens.

Por isso não é difícil perceber o porquê do apoio que os agressores puquinanos receberam. Eles nada mais são que os agentes mais exaltados dos verdadeiros agressores. É natural que esse tipo de ação política utilize jovens como agentes (8). Na juventude, a necessidade de auto-afirmação é maior, o que faz com que o jovem mais facilmente seja acometido do tal espírito de rebanho: para ser aceito pela comunidade, o jovem adere às idéias que essa comunidade professa. Isso se alia ainda à necessidade de modelos, que faz com que os jovens aceitem sem muito espírito crítico o que seus professores lhes dizem. (9)

A conseqüência psicológica dessa utilização é devastadora: leva os jovens a exagerarem sua própria importância, se sentindo grandes heróis libertadores lutando contra as forças opressores do capitalismo. Claro que indivíduos tão lisonjeados serão incapazes de lidar com as dificuldades e limitações da vida adulta e terão uma tendência à violência.

Em outras palavras, tanto a leitura errada quanto as agressões de que fomos vítimas por parte dos alunos têm uma origem bem definida: foi na PUC que aprenderam a ler assim, foi na PUC que aprenderam a agir assim.

Aprenderam que qualquer discurso que não fale nos excluídos, nos proletários, na eqüidade social, nos males da globalização; que não faça reverência aos santos do meio acadêmico, como Antonio Gramsci, Che Guevara, Michel Foucault, Karl Marx; que não pretenda mudar o mundo, mas apenas conclamar os indivíduos à reflexão ou a tentar compreender o mundo – qualquer discurso assim deve ser desconsiderado e taxado de direitista, logo, de fascista, logo, de nazista. E como nazistas representam um enorme perigo, atacá-los fisicamente torna-se perfeitamente legítimo.

Não é outra senão essa lógica perversa que explica o porquê de um editorial que falava em respeito à individualidade e em diálogo entre consciências ser taxado de individualista; de um artigo que usava argumentos científicos contra uma lei que favorece um determinado grupo da sociedade ser considerado ofensivo a esse grupo; de um ensaio que celebrava a sociedade brasileira por sua pacífica convivência interracial ser chamado de racista.

Este último caso é o mais claro: alguns setores extremados do movimento negro querem ter o monopólio do racismo. Querem que qualquer pessoa que fale contra algumas de suas políticas seja imediatamente considerado racista. Pretendem representar o bem supremo. Se agarram de tal modo a suas causas que quem quer que levante uma única objeção contra elas se torna objeto de ódio e perseguição. Esse o sentido do termo ‘politicamente correto’: é a linha justa, qualquer um que saia dela deve ser imediatamente punido, pois está fora da linha, ou é incorreto, logo, moralmente condenável.

Mas, por ser falaciosa, essa condenação jamais se dará nos tribunais. Dar-se-á na mídia, infestada por repórteres prontos a propagar as idéias politicamente corretas, prontos a contribuir para a caça às bruxas promovida pela intelligentzia esquerdista. A mesma imprensa onde a acusação é estampada em letras garrafais nas manchetes e o desmentido, quando é publicado, é escondido em letras pequenas nas páginas internas.

O episódio provocado pelos arruaceiros da PUC em torno de “O Indivíduo” é uma demonstração deprimente desse estado de coisas. É um alerta sobre a grave ameaça à liberdade de expressão que ronda o nosso país, produto dessa aliança perversa entre reitores inquisitorias, professores esquerdistas desonestos, alunos obedientes e mídia pronta a publicar a versão do fato que mais interessar à intelligentzia.

Pelo que se viu nesse caso, no Brasil, responder a argumentos com socos e cusparadas é louvável; ler maliciosamente e atentar contra a liberdade de expressão do escritor é democrático; inventar conspirações nazificantes é grande jornalismo. O destino de um país que permite que essas coisas aconteçam não me parece ser dos mais animadores…

Rio de Janeiro, 03/04 de janeiro de 1998.

NOTAS:

(1) v. ORTEGA Y GASSET, José. En torno a Galileo, Revista de Occidente en Alianza Editorial, Madrid, 1994.

(2) Mesmo agora, quando falo na primeira pessoa do plural, na verdade estou falando por mim. O que me permite falar em nome dos outros editores é uma aproximação de idéias sobre este determinado ponto, mas com certeza se quem estivesse aqui fosse outro deles, a forma de apresentar os argumentos seria bastante diferente, pois cada um de nós dá um determinado enfoque à questão, embora esses enfoques se assemelhem.

(3) Personagem criado por membros do grupo Casseta & Planeta numa coluna semanal do jornal “O Globo”

(4) O José Roberto não estava na PUC durante a confusão. Após algum tempo, ficamos só eu e o Sérgio, tendo o Pedro ido fazer uma prova – sempre cercado por seguranças.

(5) Jornal “O Indivíduo”, número zero, novembro de 1997, p. 9

(6) v. SCHOPENHAUER, Arthur. Como vencer um debate sem precisar ter razão; introdução, notas e comentários de Olavo de Carvalho; tradução de Olavo de Carvalho e Daniela Caldas; Topbooks, Rio de Janeiro, 1997.

(7) v. SCHOPENHAUER, Arthur, op. cit.

(8) Excelentes comentários a respeito estão no penúltimo capítulo do livro O Jardim das Aflições, de Olavo de Carvalho; Diadorim, Rio de Janeiro, 1995.

(9) Aliás, uma grande contradição da juventude moderna é a rapidez com que jogam seus pais no descrédito, para posar de rebeldes, enquanto, ao mesmo tempo, são influenciados por tudo à sua volta.

FHC: “Racista” como eu

“Coisa é que admira e consterna”, diz o personagem Brás Cubas, do mulato Machado de Assis. Faço minhas as palavras do Bruxo do Cosme Velho: os eventos que tomaram a PUC na quarta-feira passada são, para dizer o mínimo, notáveis; para dizer o máximo… Bem, cada um saberá o que pensar.

O fato é que eu e mais três amigos publicamos um jornal (O Indivíduo) muito brando, quase anódino, em seu conteúdo – apesar dos temas tratados serem tidos como “polêmicos” – e fomos imediatamente atacados por uma multidão de alunos enfurecidos, que fizeram várias promessas contra a nossa integridade física. Promessas, aliás, que só não foram cumpridas graças à ação da segurança da universidade, que, mesmo assim, achou melhor que fôssemos embora o quanto antes, pois duvidava da possibilidade de nos manter inteiros se continuássemos na PUC.

Além disso, meus amigos foram avisados previamente de que qualquer tentativa de audiência com o reitor seria vetada. No dia seguinte, o reitor enviou uma carta à comunidade acadêmica em que condenava a nós, vítimas de uma agressão por parte dos alunos, como agressores. Cerca de cem pessoas perseguem três, e os agressores somos nós; aritmética muito curiosa, devo dizer.

O que pode haver de tão estarrecedor no jornal realmente me escapa. Há, é verdade, um texto meu que questiona a realização de uma Semana da Consciência Negra na PUC, mas os argumentos, além de perfeitamente legítimos, são rigorosamente os mesmos utilizados pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em sua participação em uma séria de documentários sobre os 500 anos de História do Brasil, segundo notícia da página 3 de O Globo de 24/11/97. O presidente e eu seguimos a linha de Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro: aqui no Brasil o povo se orgulha de ser miscigenado, e segundo o presidente, foi criada aqui “uma consciência muito especial”. Ou, como digo em meu artigo, o maior valor da cultura brasileira está justamente na desconsideração quanto ao fator raça – que não é mérito nem demérito –, integrando todos os povos que para cá vieram.

Se sou merecedor das acusações que me imputaram, também é o presidente Fernando Henrique Cardoso. E também os dois pilares da nossa ciência social, Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro. Estou até agora completamente estarrecido – e creio que assim permanecerei por muito tempo – por ter sido tão atacado pelos alunos da PUC, filhos da elite carioca, e pela reitoria. Sou uma vítima que mal é capaz de entender o que aconteceu segundo os critérios mais comuns da razão humana, e só posso me arriscar a perigosas conjeturas se desejar uma verdadeira compreensão do assunto.

Parece-me que o que houve na PUC foi uma situação de totalitarismo; isso e mais nada. Totalitarismo da parte dos manifestantes; da parte do reitor, no mínimo imprudência, ao tomar partido dos agressores sem ter sequer ouvido o depoimento das vítimas.

O maior mal que posso me atribuir foi o de ter tido uma opinião contrária à do discurso dominante na PUC. Dominante não numericamente, note-se bem; acredito piamente que nosso jornal reflete a opinião da maioria silenciosa que integra o corpo de alunos da PUC. O discurso a que chamo dominante é dominante em termos de barulho, pois parte de um grupo organizado que se manifesta o tempo inteiro. A maioria mesmo permanece em silêncio, não se organiza e não se faz ouvir, ouvindo a minoria barulhenta sem sequer reclamar. Bater, jamais.

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