Não é algo que eu fosse fazer. Tenho amigos muçulmanos e não gostaria de ofendê-los. Também não gostaria de ofender os diversos muçulmanos que jamais me ofenderam e que eu nem sei quem são. E gostaria que não fosse necessário dizer que supor que os ataques de 11 de setembro de 2001 são diretamente devidos à prática da religião islâmica é algo digno da Vovó Ricarda Dawkins. Seria como afirmar que “A CIÊNCIA é culpada pelo Projeto Manhattan”.
Agora, não acredito nessa história de que livros são sagrados. Se você acredita nisso, por favor, escreva a seu deputado pedindo que ele lute pela descriminalização de Mein Kampf no Brasil. Eu também sou a favor da descriminalização, mas a vida é curta demais para eu querer liberar o Mein Kampf. Se eu quiser ler, leio em inglês, francês ou compro no sebo. Nem acho que os judeus brasileiros estejam hoje ameaçados pelo livro de Hitler, nem acho que sua proibição seja uma séria ameaça à liberdade de expressão que prenuncia um gigantesco totalitarismo e…
Enfim. Queimar livros não é contra a lei nos EUA. Acredito que a mais sublime lei jamais escrita pelo homem, aliás, é a primeira emenda da Constituição americana: “Este Congresso não fará leis sobre liberdade de expressão.” Melhor isso do que um Comissariado da Palavra regulando o que vamos dizer. Já pensou, Franklin Martins, Jader Barbalho, Frei Betto e Edir Macedo nomeados para a função?
Agora, a lei é, socialmente falando, sagrada. Violar a lei gera punições e tem de gerar punições. Assim se obtém ordem, paz e liberdade.
Se o reverendo maluquinho da Flórida quer queimar o Corão, você pode em represália queimar uma Bíblia, chamá-lo de maluquinho, negar-se a recebê-lo em seu restaurante, negar a admissão de seus filhos em sua universidade. Se matá-lo porque ele te ofendeu, vale recordar que o estado da Flórida tem pena de morte.
Se a ausência de punição estatal para uma blasfémia contra o Islam te desagrada, azar. Bem vindo aos Estados Unidos.
Como era de se esperar, continuamos aguardando a defesa da esquerda do reverendo maluquinho e de seu sacro direito de falar bobagem.