Coisa essa que será dita por mim mesmo, agora.
Acordo, abro o Google Reader, lá está a First Things falando em ensinar os adolescentes a ter um senso moral crítico, que isso é melhor do que campanhas de castidade e melhor que educação sexual médica. Aliás, antes de ir adiante, a idéia de adolescentes colocando camisinhas em bananas em plena sala de aula é puro Pirandello, ou puro Monty Python.
Tudo isso, é claro, vem das mais lindas e estratosféricas intenções. Mas não digo “estratosféricas” num bom sentido.
Nossas sociedades ocidentais dispensaram um componente fundamental da vida humana: a vergonha. Heróis de filmes demonstram não ter vergonha de nada. Modelos dão entrevistas dizendo que não se arrependem de nada. Os famosos excluídos voltaram para se vingar e para criar uma sociedade sem vergonha. A qual não vai funcionar, é óbvio.
Não vai funcionar porque se baseia na aposta estratosférica de que as pessoas são anjos. Que basta dar-lhes algum tipo de educação para que ajam de maneira ponderada, sensata; que basta um bom currículo para fazer de cada adolescente um spoudaios. Que não é preciso — ouçam a palavra-chave que chega a galope — estigmatizar nada, que estigmatizar é ruim, deixa você com sensação de culpa, e as pessoas não te convidam mais para festas.
Como a violência contra a mulher ainda é estigmatizada, basta que as mulheres se valorizem um pouco mais (lembrando: o que é raro é precioso, o que é fácil é barato) para alterar toda a moral sexual da sociedade. Eu sei, você pensa que a moral nasce das profundezas íntimas do homem etc., e isso pode até ser verdade, mas na prática quem manda é a estigmatização. Deixe as adolescentes pensarem que uma gravidez fora do matrimônio é uma espécie de suicídio social (como num romance do século XIX) que tudo mudará rapidamente.