Outro dia vi na TV uma entrevista do Tom Hanks sobre o filme Anjos e demônios. Ele está ficando cada vez mais com aquela cara de righteous liberal, aquele jeitinho Hillary Clinton de ser. Mas bem. O que eu quero dizer é que me impressionou como os olhos de Hanks brilharam e como sua voz mudou quando ele começou a falar do conclave. Palavras latinas como sede vacante saíam de sua boca como se fossem os segredos do embalsamamento das múmias. A ênfase nas palavras “o ritual para eleger um novo Papa é uma coisa inacreditável” parecia sugerir que nesse ritual algumas virgens tailandesas eram cozinhadas vivas.
Interessante é pensar o seguinte. Pode ser só caipirice dele – então, a essa altura do campeonato, ele ainda não sabe que os cardeais vestem púrpura, que sai a fumaça branca da chaminé quando o Papa é eleito etc? Ou será uma caipirice ainda mais radical e profunda, aquela que por princípio considera ridículo tudo que é diferente ao mesmo tempo em que proclama seu estado “esclarecido”? Mas, por outro lado, na sensação que o Tom Hanks passa de não ter a menor idéia do que fazer com a informação de que a Igreja Católica existe, pode existir uma reverência maior do que a do católico habitual. Ao menos ele está obviamente fascinado por isso.