Após meu post, João Carlos Rocha tirou de seu blog os posts que linkei (pois é, verbo “linkar”, e depois eu ainda reclamo), e ainda colocou um post dizendo que o Apostolado Opus Christi não é pró-Eduardo Paes. Por isso vou reproduzir aqui a matéria do Globo (12/10/08) que havia mencionado:
O País – Página 10
Grupo católico prepara ações a favor de Paes
Opus Christi planeja para hoje panfletagem diante de igrejasNo mesmo horário em que o candidato Eduardo Paes (PMDB) recebia o apoio da comunista Jandira Feghali (PCdoB), em Madureira, grupos católicos reunidos na manhã de ontem no Hotel Pestana, em Copacabana, organizavam para hoje panfletagens a favor do peemedebista em frente a igrejas na Zona Oeste. As manifestações previstas para hoje foram organizadas pelo Apostolado Leigo Opus Christi, grupo que, no ano passado, entrou com ação na Justiça contra os organizadores da Marcha da Maconha.
— A previsão era termos a presença do candidato (Paes), o que não ocorreu por problemas em sua agenda de campanha — disse Leandro de Jesus, um dos coordenadores do grupo, que aguardava ontem de manhã a presença do candidato.
No lugar de Paes, quem discursou foi a vereadora Silvia Pontes (DEM), partido que apóia Gabeira no segundo turno. Durante o encontro, participantes conversaram sobre a produção de camisas e adesivos contra Gabeira. Um dos coordenadores, Luiz Carlos Pugialli, vestia uma camisa com a inscrição “Sou carioca, sou suburbano. Respeite”. Ele não soube dizer quem forneceu a camisa.
— Deixaram na portaria do meu prédio — disse ele.
Até me lembro de ter ficado chocado com a proibição da Marcha da Maconha; então não se pode nem mesmo protestar contra a legislação? E é um movimento “católico” que pede isso? Não estou sugerindo que seja obrigatoriamente católico abraçar a causa da liberação das drogas – sou a favor, mas não é um assunto que me ocupe muito – , mas negar a alguém o direito de falar é praticamente negar seu direito de existir.
Agora, como alguém pode, numa eleição que só tem dois candidatos, dizer que é veementemente contra um sem ser a favor do outro? Não acredito que João Carlos Rocha seja burro a ponto de não perceber que, na prática, atacar apenas Gabeira significa fortalecer o anti-Gabeira, isto é, Eduardo Paes. Se João Carlos Rocha estivesse realmente preocupado com o aborto, a moral, os bons costumes e tudo que tira o sono das Perpétuas (novas gerações: ver Tieta) desse mundo, estaria denunciando também o que já se diz aqui no Rio: que a abortista totalitária Jandira Feghali seria a secretária de saúde de Paes. Mas talvez não haja denúncia por causa de sua semelhança: assim como o Opus Christi quis proibir a Marcha da Maconha, Jandira Feghali mandou invadir a Arquidiocese do Rio e apreender os folhetos que simplesmente diziam que ela é o que ela é: uma abortista.
Como o próprio João Carlos Rocha me mandou um e-mail sugerindo que eu fosse da TFP (hã?), e em seu site ele mesmo divulgue por meio do link “Agenda Opus” seu endereço eletrônico na Prefeitura do Rio, jcrocha@rio.rj.gov.br, só posso arriscar uma interpretação para essa militância sem sentido: dizendo-se anti-Gabeira, pode garantir seu emprego caso Eduardo Paes ganhe a eleição; como ele mesmo é do DEM (ou PFL, como insisto em dizer), que apóia Gabeira, se o ex-seqüestrador vencer seu emprego tem mais chances de estar garantido (uma hipótese bizarra, mas eu não acredito que as coisas tenham de fazer algum sentido). Mas como Sergio Cabral parece ter iniciado no Rio uma nova onda de anticatolicismo ferrenho e radical que quer ser aceito como catolicismo, aposto mais que João Carlos esteja contando com a eleição de Paes para vir dizer que o governo que tem Jandira Feghali na Secretaria de Saúde é o grande antídoto para a degeneração total de tudo, o próprio remédio contra o iminente apocalipse.
Por fim, João Carlos, já que você gosta de tirar textos do seu blog, fica a minha sugestão para que você remova aquele, assinado por outra pessoa, que se refere a você como “pai da família de almas” do Opus Christi, porque agora eu só consigo imaginar você com um manto branco tendo a mão beijada e distribuindo bênçãos.