Ontem faleceu Dom Estêvão Bittencourt, monge do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro. Quando chegou o primeiro e-mail me avisando, custei a acreditar: para mim, era como se Dom Estêvão fosse durar para sempre.
Há muitos anos não lia seus escritos, mas, quando tinha meus 10, 12 anos, consumi-os vorazmente. Creio que Dom Estêvão escreveu sobre todos os assuntos, e continuava escrevendo; já há uns 15 anos ouvi a lenda de que ele só tinha um pulmão e só dormia 2 horas por noite.
Agora está morta uma tríade beneditina que foi muito importante no começo da minha adolescência. Quando penso nas primeiras vezes em que abri um jornal com interesse, lembro que ia às páginas de opinião buscar os artigos de Dom Lourenço de Almeida Prado e Dom Marcos Barbosa.
Gostaria de fazer-lhes uma elegia adequada, mas temo que isto acabe virando um elogio a mim mesmo, sobre o quanto aproveitei o que eles deram; por isso, peço apenas que eles, no céu, intercedam para que o menino que os leu não venha a precisar de uma elegia e possa ser pai do homem, como nas palavras de Wordsworth depois usadas por Machado de Assis.