Ontem recebi um telefonema com uma notícia terrível: o falecimento do poeta pernambucano Alberto da Cunha Melo, cuja obra já me rendeu muitas horas de entusiasmo. Recomendo sobretudo Yacala, que está no volume Dois caminhos e uma oração.
Já escrevi sobre um poema de Alberto da Cunha Melo, que está no mesmo volume.
Deixo-os com um de seus poemas mais citados, que mereceu tradução inglesa de Bruno Tolentino e é talvez um “clássico instantâneo”:
Casa vazia
Poema nenhum, nunca mais,
será um acontecimento:
escrevemos cada vez mais
para um mundo cada vez menos,
para esse público dos ermos
composto apenas de nós mesmos
uns jõoes batistas a pregar
para as dobras de suas túnicas,
seu deserto particular,
ou cães latindo, noite e dia,
dentro de uma casa vazia.