Karl Erik Schollhammer foi meu professor na PUC, um de meus favoritos. Além de dar aulas, ele, que é dinamarquês, dedica-se à tradução de textos daquelas línguas escandinavas, como algumas peças de Ibsen. Na homenagem a Bruno Tolentino que houve na DaConde na segunda, os alunos de Letras da PUC-Rio distribuíram exemplares de seu jornal, Plástico Bolha, cujo último número traz uma entrevista com ele. Ah! Se todos os professores universitários falassem de maneira tão clara e sensata… Não pude deixar de transcrever estes trechos, mais para o final:
Considerando as inúmeras teorias da literatura, qual seria, hoje, o papel do professor de literatura?
O papel do professor de literatura é… ler literatura. (risos) É mostrar como se pode ler literatura; portanto, é mostrar por que ele gosta de ler literatura. Não existe uma pedagogia da literatura; existe o diálogo sobre a leitura que o professor pode iniciar, sobre o que lhe dá prazer. Ele pode expor o seu próprio caminho. O que me dá prazer em ensinar literatura é isso.
Já que estamos falando do mercado de arte, queremos saber se você tem alguma verve artística: você pinta, escreve?
Não. Na realidade, acho que a minha relação com as artes é de apreciação, de interação. Gosto praticamente de tudo: música, artes plásticas — que para mim são muito importantes — cinema, literatura. Mas nunca tive — e nunca tive problema em não ter — essa relação com a produção. Sou um consumidor muito feliz do talento dos outros. Como sou cético em relação ao talento, tenho certeza de que as artes não carecem da minha participação.
(…)
Alguma mensagem final para os alunos?
Que estudem, né? (risos)
Quem morar no Rio pode procurar o jornal, de distribuição gratuita, nas livrarias da Zona Sul e na própria PUC.