A experiência culinária retém uma imediatez que as demais experiências estéticas não retêm. Mesmo que tenha precisado aprender a gostar de algo, você tem de comer e gostar imediatamente; se não gostar, não come. Todo prato tem dois momentos, um de consumo, em que tem de ser prazeroso, e um de digestão, em que tem de ser nutriente. Do mesmo modo, as melhores obras são aquelas que atendem bem a estes dois momentos, rendendo uma agradável experiência estética (isto é, que capture a sua atenção) imediatamente, e alguma percepção numa análise posterior. Esta análise leva a uma ampliação do gosto e a uma intensificação da experiência estética (podendo aliás também ser feita com obras de arte culinária).
Quanto mais medito a respeito disto, mais me convenço de que a culinária deveria ser um modelo para todo artista, assim como a geometria é (ou foi) para todo cientista.