Etimologicamente “economia” significa algo como “as leis da casa” (do grego oikia, casa, mais nomos, lei; como os fonemas se contraíram até dar “economia” é outra coisa), ou a maneira de governar sua casa. Ora, uma dona de casa tem lá seus critérios para manter o lar: se o marido deseja uma determinada vida precisa dar tanto dinheiro e precisa, quando tem menos dinheiro, estabelecer planos e prioridades. Isto é algo que se dá apenas entre duas pessoas, que provêem os meios materiais e decidem sobre a sua melhor disposição. É algo perfeitamente tangível, contável até o último centavo, independente de conjetura e, como há muitos gastos constantes, planejável com exatidão em prazos até relativamente longos.
Mas quando um político ou um jornalista fala da “economia” do país, está falando de algo completamente intangível em sua totalidade, indefinível aritmeticamente, que existe apenas como conjetura. Quando ele diz “a economia cresceu x por cento”, quer dizer que no ano passado certas pessoas achavam que a riqueza do país equivalia a tanto e agora as mesmas pessoas, ou outras nos mesmos cargos, acham que houve uma variação que equivale a uma porcentagem daquele montante imaginário anterior.
Mas, se aquilo de que eles falam é puramente conjetural, não é nem um pouco conjetural o poder que o governo arroga para si de controlar a economia. Uma dona de casa pode comprar os produtos que mais agradam à sua família em detrimento de outros. Por mais variados que sejam os gostos, ela dificilmente deixará de negligenciar certos produtos. Ela pode, como mãe, até desprezar o gosto de seus filhos menores e comprar produtos que ela julga mais saudáveis. Quando os burocratas se arrogam o direito de controlar a economia, está agindo exatamente como esta mãe, e também está forçando os “filhos” a trabalhar para que comam coisas que não querem. A mãe acha que assim os filhos vão crescer bem e um dia lhe serão gratos. O burocrata acha que, se apertar aqui, desparafusar ali, vai produzir uma espécie de prosperidade geral e um dia os coitados cujo dinheiro ele tomou falarão bem dele.
Agora eu poderia dizer que a história prova o contrário. Vejam Juscelino e a Jetsonlândia que ele construiu com o dinheiro dos meus avós. Vejam isso, vejam aquilo. Mas não. Este argumento é o da eficiência. Como eu já falei, a liberdade e a responsabilidade pessoais são causas morais, não materiais. O mais importante é que eu não sou criança, nem você, e também não quero burocratas como mãe. O burocrata que acha que tem o direito de apostar o trabalho de milhões de pessoas em seu projeto de futuro tem, na verdade, sérios problemas morais. É, simplesmente, um mau-caráter que vive nas nuvens. Dizer que um país tem uma “economia” é simplesmente uma metáfora para algo indefinível, é um volteio retórico para explorar a população e sustentar uma nomenklatura que é pior do que os senhores feudais de antigamente porque estes, ao menos, arriscavam a vida na guerra.