Quem preconiza o ceticismo religioso e ao mesmo tempo condena o ceticismo político é, na mais generosa das hipóteses, um idiota.
Que um homem não creia em Deus ou numa instância transcendente qualquer, até eu entendo. Que seja imanentista, que pense que vai morrer mais completamente que Manuel Bandeira, isto é coisa que pouco admira, ainda que consterne. Tem lá o seu sentido.
Agora, que um homem creia no fundo de seu coração que a burocracia vá “melhorar o mundo”, isso eu nunca consegui entender. Que veja na política a virtude superior que moldará a glória do futuro… É uma estupidez tão formidável que parece sugerir mesmo alguma ação sobrenatural. Não é obra só da mente humana.