Pessoas que não gostam da cara de Ratzinger

Com alguma freqüência me perguntam o que acho do novo Papa. Ainda que eu realmente pense que não cabe a mim “achar” algo, limito-me a dizer que gosto de Joseph Ratzinger, que li alguns de seus livros e que ele dá a impressão de ser o homem mais inteligente do mundo (algumas de suas sutilezas, porém, costumam não ser percebidas por quem não acompanha certas discussões dentro da Igreja). Mas praticamente com a mesma freqüência ouço: “não gosto da cara dele”. E então eu me pergunto, e às vezes também ao meu interlocutor, se ele acharia justo que se usasse a simpatia ou antipatia imediata como critério para julgar qualquer pessoa que passasse na rua; e pergunto se ele mesmo não se sentiria tremendamente injustiçado se fosse julgado por este critério. E lembro, por fim, que ser fotogênico nunca foi necessário para o exercício do papado; e que esta, com a graça de Deus, será mais uma das coisas antigas, retrógradas e conservadoras que a Igreja não mudará, porque as pessoas não devem amar o Papa da mesma maneira que amam um astro de cinema, e a religião não é nem entretenimento nem psicoterapia. O dito “carisma” do Papa Wojtyla era uma característica sua pessoal, não do papado; o Carisma de Pedro é de um outro tipo, inerente ao cargo. E mesmo eu, que posso dizer, com Antonio Machado, que hay en mis venas gotas de sangre jacobina, não consigo me imaginar senão em absoluta reverência diante do Bispo de Roma, quem quer que seja.

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