Suma Teológica, Ia IIae q. 17, a.9. Se os membros do corpo obedecem à razão, com explicações naturais e teológicas. Trad.: Alexandre Correia.
(…) 3. Demais. Como diz Agostinho, o movimento dos órgãos da geração, ora, é importuno e involuntário; ora, não obedece à vontade, quando querido e o corpo fica frígido quando a concupiscência ferve na alma. Logo, o movimento dos membros não obedece à razão.
Resposta à terceira. Como diz Agostinho, é por pena do pecado que o movimento dos membros genitais não obedece a razão; de modo que a alma sofra a pena da sua desobediência a Deus, precisamente no membro pelo qual o pecado original se transmite aos descendentes. Mas como pelo pecado dos nossos primeiros pais, conforme a seguir se dirá (q. 85 a. 1), a natureza foi abandonada a si mesma, privada do dom sobrenatural, que fora divinamente conferido ao homem, vejamos qual a razão natural por que, em particular, o movimento desses membros não obedece à razão. Aristóteles, no livro De causis motus animalium descobre a causa em os movimentos do coração e dos membros pudendos serem involuntários; pois, estes se movem em conseqüência de alguma apreensão, em virtude da qual o intelecto e a fantasia representam algo de que resultam paixões da alma, provocadoras de tal movimento. E não se movem conforme a injunção da razão ou do intelecto porque para o movimento de tais membros é necessária alguma alteração natural, a calidez ou a frieza, que não está sujeita ao império da razão. E isso se dá especialmente com esses dois membros porque cada um deles é como que um animal separado, enquanto princípio de vida; ora, o princípio é, virtualmente, o todo. Assim, o coração é o princípio dos sentidos; e do membro genital procede a virtude seminal que constitui, virtualmente, todo o animal. E por isso tem naturalmente movimentos próprios, por ser necessário que os princípios sejam naturais, como já se disse.