Entre os males do país está este: parece que há 30 ou 40 anos as pessoas que tinham interesses intelectuais reais conseguiam se reunir e formar um meio. Não estou, é claro, falando de gênios; estou falando de pessoas boas o suficiente para não deixar o nível cair.
Acabou também, mesmo entre boa parte dos melhores de hoje, o simples sentimento de reverência. Ninguém quer representar publicamente a reverência, ninguém quer lhe dar um rosto apresentável. A reverência ficou nas mãos de uma direita meio ridícula, que usa penachos, que defende Vichy; ou então a reverência ficou nas mãos de gente que apenas afeta o temor diante da religião, pois se considera superior a ela, capaz de explicá-la, de dominá-la, de ditar seus rumos (já me incluí neste grupo).
Entre a pura mesquinharia de um esquerdismo boçal e a auto-ilusão de um intelecto inflado, onde fica a experiência humana pura e simples, sincera, apresentada em sua medida própria?
Só porque no Brasil pouca gente concebe que esta “experiência humana pura e simples” não possa comportar um interesse intelectual sincero, isso não é razão para nos abalarmos. Se aqui a normalidade requer a virtude da fortaleza, vamos pedi-la a Deus.