(uma história real, o realismo do título é literal)
Um chefe da maior biblioteca
disse que eu era excêntrico, bizarro,
por não me interessar por culinária,
mas por me dedicar à língua grega.
Como quem gentilmente mostra ao louco
o mundo além do manicômio, disse:
“Os livros que faremos com cardápios
deixarão os estômagos mais cultos”.
Tanta pompa no prédio neoclássico,
tanta história: apenas um verniz –
um tempero, seguindo o raciocínio.
Na volta à casa, no metrô, lembrei
do mito fundador, do velho bispo
Sardinha devorado pelos índios.