3 Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. 4 Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. 5 Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.
Diante de uma platéia de adolescentes, o professor diz: “E eles não queriam que os outros tivessem esse conhecimento, queriam mantê-los na ignorância, para assegurar o seu status”.
Em cada matéria que o aluno estuda, ele escuta uma variação desta lenga-lenga, sempre repetida em tom pomposo. Assim, nos seus anos de formação, ele aprende que o mundo é formado por enganadores, que qualquer pessoa vagamente importante do passado é certamente um pilantra.
Seus olhos se abriram: ele é como Deus. Ele se pôs acima de todas as instâncias. Ele julga o passado, e não é julgado por ele. O cosmos é culpado; ele pode, do alto de sua condição de criatura imaculada, consertar o cosmos – “mudar o mundo” – ou dar uma brochada cósmica e ficar dizendo que brochar é bom; assim ele cria o seu mundinho particular, onde todas as pessoas lêem Clarice Lispector.
Afinal, ele é como Deus. COMO Deus, seja para os idiotas dos seus colegas ou para si mesmo. Uma sombra orgulhosa, que só pode pichar, e não criar. O que, como vemos por todas as “manifestações estudantis”, é bastante literal.
Ou, sinteticamente, à carioca: se você tem fé naquele professorzinho que só faz acusar os outros e louvar o “senso crítico”, você é um mané, e será um mané para sempre.