The Passion contra infiéis e gentios

The Passion of The ChristNós pregamos o Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos, mas para os eleitos Ele é a força e sabedoria de Deus. (1 Cor I, 23)

Primeiro ponto: a idéia de que The Passion é um filme anti-semita é pura desonestidade.

Os Evangelhos contam que Anás e Caifás, mais um punhado de judeus reunidos em turba numa praça de Jerusalém, foram os responsáveis pela morte de Cristo. Não Maimônides. Não o Dr. Freud. Não Jerry Seinfeld. Nenhum outro judeu foi responsabilizado pela paixão de Cristo; inclusive, se houver dúvida, há uma passagem em que Jesus isenta os filhos dos pecados dos pais, e uma afirmação oficial da Igreja Católica contra a idéia da culpa coletiva.

Além disso, se o filme de Mel Gibson é “anti-semita”, então A Lista de Schindler é um filme essencialmente anti-germânico. Este e todos os filmes sobre a Segunda Guerra. Afinal, todos eles mostram os alemães em geral como uns malvadões. Mas ninguém pensa que todos os alemães são nazistas – assim como nem todos os judeus são deicidas. Se o argumento de anti-semitismo fosse válido, precisaria ser demonstrado por terríveis ondas de anti-germanismo (afinal, quantos filmes existem sobre campos de concentração nazistas? Centenas?), que já teriam varrido como tsunamis os alemães da face da Terra.

Não custa recordar também que Jesus, Maria e os apóstolos eram judeus. Mas isso os acusadores sabem muito bem: eles são é maliciosos mesmo.

Em suma, o argumento de que mostrar que um judeu é mau faz de você um anti-semita por metonímia ou é pura boçalidade ou é pura canalhice. Naturalmente, não foram todos os judeus que o proferiram.

Segundo ponto: a idéia de que The Passion é um filme “violento demais” é desonesta e demonstra ignorância.

É desonesta porque o filme não é mais violento do que outros filmes a respeito dos quais ninguém nunca reclamou. Basta ler esta matéria do WorldNetDaily.

Demonstra ignorância porque muitos santos recomendaram que aqueles que desejavam se aproximar de Deus meditassem sobre a paixão de Cristo. Meditar sobre a paixão não é atingir o nirvana, sonhar com um mundo melhor, ficar tendo idéias metafísicas, ou lendo Kierkegaard. Meditar sobre a paixão é ficar pensando: “quanto dói ter uma coroa de espinhos na cabeça? Quanto dói uma chicotada? E dezenas delas? E ser pregado? E eu seria macho de agüentar isso tudo? Eu tenho medo até de dentista!” Se você ler O Castelo Interior, de Santa Teresa d’Ávila, por exemplo, vai ver meditações deste tipo. E se ler os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola vai encontrar coisas semelhantes, com várias sugestões de sofrimentos que o cristão pode impingir a si mesmo para imitar o Cristo (chicotear-se etc).

Portanto, The Passion é business as usual no mundo cristão. Quem não sabe está por fora.

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